domingo, 24 de abril de 2011

O Arauto do Preconceito

Fiquei atônito ao ver uma lamentável publicação no site da revista veja, intitulada  "ALTO RISCO NA SELVA - Alerta sobre AIDS entre os índios trata de adesão dos ianomamis ao homossexualismo" (http://veja.abril.com.br/070802/p_081.html) do jornalista Leonardo Coutinho. Para resumir, o artigo diz que o contato dos índios com o homem branco está resultando em maior número de homossexuais nas tribos, aumentando assim os casos de AIDS entre os ianomamis.
São opiniões retrógradas como essas que produzem o pensamento preconceituoso. Desde 1990, quando Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade da sua lista de doenças mentais como desvio de comportamento social e sexual e, por fim, em 1991, a Anistia Internacional passou a considerar a discriminação contra homossexuais uma violação dos direitos humanos, muitos cientistas sérios e pesquisadores têm feito muitos estudos a respeito da diversidade sexual e de gêneros, e o que se tem descoberto recentemente a respeito da diversidade humana são grandes conquistas, tanto para as comunidades LGBT quanto para toda a sociedade.
Cada vez mais têm-se provado que a diversidade sexual é natural, não só na raça humana, mas também em uma grande quantidade de animais. Alguns defendem até que este seja um mecanismo da natureza para evitar a superpopulação de espécies. Antropólogos afirmam que a prática homossexual é tão antiga quanto a humanidade e  muitos profissionais da área da psicologia têm concluído que a homossexualidade não nasce por uma interferência do meio familiar, social ou cultural.
Na verdade, o que o povo branco trouxe aos índios foi a cultura discriminatória e preconceituosa, tendo em vista as crescentes notícias de índios homossexuais que são apedrejados e sofrem todo tipo de violência dentro das tribos. Sabe-se que a prática homossexual nas comunidades primitivas era comum e não interferia em nada na continuidade dessas sociedades e, em alguns, casos, havia até um caráter superior e místico nessas práticas, o que não vem ao caso, mas que denota que só uma sociedade livre de preconceito e discriminação pode viver em harmonia.
Sobre a disseminação da AIDS pelos índios homossexuais nem há o que dizer, é pura ignorância de uma pessoa publicar um absurdo desses. Diria até que é muita coragem do Sr. Leonardo Coutinho fazer uma referência dessas numa publicação como a Veja. Sobre a revista, essa não é a primeira furada que já vimos. Andei pesquisando a respeito deste jornalista e vi que há processos contra ele por outras matérias preconceituosas, a maioria delas contra indígenas.
Este blog não tem o propósito único de levantar nenhuma bandeira a favor das causas dos direitos gays, mas foi impossível deixar esta passar. Deixo aqui registrada a minha indignação e o espaço aberto a qualquer manifestação dos meus leitores.
Passo adiante, deixando-me.

Na frente, Manuel, pai dos índios Marcenio (de branco) e Natalicio (ao fundo, de azul), que assumiram ser gays.