quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

De Bem Com a Vida

“De Bem Com a Vida” (How About You), filme irlandês do diretor Anthony Byrne, parece um clichê daqueles filmes de final de ano sobre o espírito do natal. Não deixa de sê-lo, porém, é um filme autêntico e comovente.
Ellie é uma destemida jovem. Após a sua mãe adoecer, ela se vê obrigada a procurar ajuda com a irmã que é dona de um asilo. Sua irmã dispõe-se a ajudá-la, dando-lhe um emprego e um lugar pra morar. Um imprevisto acontece e Ellie acaba ficando, por algumas semanas, responsável pelo asilo. Isso parece ser um tormento, pois os velhinhos são muito rabugentos e não suportam uns aos outros.

A medida que Ellie se aproxima deles e vice-versa, se desenlaçam descobertas, aprendizados  e amizades. Com a experiência dos velhos, Ellie aprende a ser uma pessoa madura e eles aprendem, com a vitalidade e juventude de Ellie, a reviver e superar as frustrações dos seu passado.
É um filme light, sem sensacionalismo de grandes cenas emotivas, típico dos filmes natalinos. Se for assistido sem muita expectativa, você se leva pela história, se diverte e comove-se em vários momentos.

 Um diálogo muito original do filme e que nunca irei esquecer, é de Ellie, depois de brigar com a irmã, desabafando com uma das velhinhas, que diz:

- Minha irmã não para de me chatear, vive chateada e reclamando. Acho que ela nunca gostou de mim.

- Ellie querida, por que você diz isso? O que importa na realidade não é o que as pessoas dizem a você. Palavras são só palavras. O que importa é o que elas fazem pra você. Você a procurou e ela lhe deu um emprego e um lugar pra morar e você ainda acha que ela não a ama. Eu deveria ter dito isto antes a você.

Preciso dizer mais? Passo adiante, deixando-me.


domingo, 17 de outubro de 2010

A Trilogia das Cores, de Krzystof Kielowski


"A Liberdade é Azul", "A Igualdade é Branca" e "A Fraternidade é Vermelha". Esta trilogia é simplesmente uma das maiores obras do cinema europeu de todos os tempos. A delicadeza e inteligência do cineasta Polonês Krzystof Kielowski é magnífica. As cores azul, branca e vermelha são referência à bandeira da França e "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", refere-se ao slogan da Revolução Francesa, talvez porque só seria possível abordar temas tão transgressores de maneira livre como este cineasta o fez através do cinema francês. 
Os valores que dão nome às três obras estão presentes do início ao fim da trilogia, que merecem ser resgatados após grandes decepções amorosas, onde a superação dessas dores são retradadas de maneiras distintas em cada filme. As atuações dos protagonistas são indiscutivelmente impecáveis e intensas. A dor do amor que toma conta da vida deles é sentida em cada momento. Há também uma qualidade em comum nos três, que é muito relevante para o entendimento da trilogia: a bondade.


O primeiro, "A Liberdade é Azul", é belamente melancólico. Julie (Juliette Binoche), após acordar de um acidente, fica sabendo que sua filha e seu marido estão mortos. Mergulhada numa profunda depressão, Julie resolve se desfazer de tudo que lembre o seu passado. Sua angústia e melancolia parecem ultrapassar os limites da existência, tornando-a indiferente a tudo e a todos, vivendo isolada, o que, metaforicamente, nos mostra o quanto a tristeza é uma forma de egoísmo. É justamente quando Olivier, amigo de seu falecido marido, e apaixonado por Julie, e sua vizinha prostituta, Lucille entram em sua vida, que nossa protagonista vai encontrando, lentamente, forças para continuar vivendo. Uma descoberta sobre seu marido também é decisiva para a libertação de Julie. Dos três, é o filme mais sensível e delicado, onde experimentamos junto com a personagem, a agonia da dor de amar, da perda e da solidão.


O segundo filme, "A Igualdade é Branca", conta a história de Karol, um polonês que surpreende-se ao chegar numa audiência e descobrir que sua esposa, Dominique, quer divorciar-se. Sem falar absolutamente nada em Francês, Karol se vê numa situação muito difícil, quando Dominique toma-lhe todos os seus bens e coloca a polícia atrás dele. Karol passa a pedir esmolas e nessa onda de angústia ele encontra Mikolaj, um polonês que resolve ajuda-lo a voltar à sua terra. Após voltar, Karol consegue dar a volta por cima e torna-se um homem rico. Mesmo amando loucamente sua ex-mulher, ele decide vingar-se dela. É a segunda lição que nos deparamos: aquela velha do amor próprio. A sua vingança é certeira e doce e é a sua libertação de toda a dor, e sua salvação.


O terceiro, "A Fraternidade é Vermelha", é o que mais mexe com a nossa inteligência. Valentine (Irene Jacob), é uma linda modelo que ao dirigir seu carro de volta pra casa, atropela um cão. Dessa maneira, ao procurar o dono, ela encontra um Juiz aposentado que possui o sórdido hábito de espionar a vida dos seus vizinhos. Valentine, ao deparar-se com esta situação, descobre as reais causas dessa estranha obsessão do Juiz. A amizade que nasce entre os dois faz com que ela se torne outra pessoa, pois esta namora à distância um homem ciumento e manipulador, que a sufoca. Os diálogos entre ela e o Juiz modifica completamente a nossa visão de julgamento. Este homem, que antes julgava sem conhecer, agora sabe da vida de todos os que vivem ao  seu redor. Apenas dessa maneira ele podia realmente saber a verdade sobre as pessoas, mas não cabe mais a ele julgá-los. Auto-penitência, culpa e mentira são os temas que rondam essa trama.




O final deste último é a síntese de tudo o que podemos entender e aprender sobre igualdade, liberdade e fraternidade. E principalmente sobre superação, quando todos os protagonistas dos três filmes são os únicos sobreviventes de um acidente de navio. Na verdade, eles sobreviveram do naufrágio que foram as suas vidas e libertaram-se das suas amarras. Eu recomendo estes filmes a todas as pessoas, pois neles há muito o que aprendermos sobre nós mesmos. Sobre como nos colocamos diante dos mais terríveis sentimentos, como egoísmo, tristeza, julgamento, traição, vingança, decepção, e como encontramos a força necessária para nos absolvermos e superarmos todas as dores!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Arte Urbana: Pintura no asfalto

Está virando tendência esse tipo de trabalho artístico na Europa e outros países como Canadá e Austrália. São pinturas realistas que causam  ilusões de ótica inacreditáveis. Vou pesquisar mais sobre o assunto e farei outro post mais detalhado, com a localização das pinturas e o nome dos artistas. Segue abaixo algumas imagens:






quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Teste do Amor: Qual é o seu par ideal?


Existem quatro tipos principais de personalidade, cada uma delas regidas por um hormônio e um sistema cerebral. Para ela, essas personalidades influenciam nas escolhas de nossos pares amorosos. Faça o teste para ver em qual delas você se encaixa.


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Domingo, 26, Parada LGBTS em Belém



Bom, eu vou lá, apesar de achar que o sentido político de manifesto e luta pelos direitos já tenha se perdido por quase 100% do público. As paradas gays no Brasil tornaram-se uma manifestação contraproducente, onde a impressão que se deixa para as pessoas é a de bagunça, promiscuidade e violência.
Porém, ainda acho válido podermos ver milhares de pessoas da comunidade LGBTS mostrando a cara nas ruas. Isso é uma maneira de mostrar que somos parte da sociedade, que estamos aí e não somos poucos. Ver os gays de todas as tribos juntos numa passeata, para mim, é uma grande demonstração de força e coragem. É uma pena que tudo tenha virado uma enorme bagunça. 
Quem for acompanhar a parada, eu recomendo não ir com celulares ou qualquer outro objeto de valor pois os assaltos são muitos. Esperamos que os organizadores tenham conseguido o máximo de policiamento para o evento, pois está ficando pior a cada ano.
Torcemos para que seja um evento sem muita violência desta vez!

sábado, 11 de setembro de 2010





Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. 
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças 
peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto.


Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade
sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto 
e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios,
crianças e velhos, nunca me esquecerei de que
"normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."

Oscar Wilde

quinta-feira, 22 de julho de 2010

"O caminho do paradoxo é o caminho da verdade" Oscar Wilde

Caminhar pelo paradoxo... Isso soa tão confuso para nós, não é mesmo? Mais confuso fica quando lemos este aforismo de Oscar Wilde, pois como é que a contradição pode ser o caminho da verdade, se acreditamos que a Verdade é algo único e absoluto? Oscar Wilde é uma das grandes influências da minha vida. Sempre que deparo com uma frase dele ou de outro escritor que admiro muito, busco qual o fundo de verdade nela. A frase do título, porém, foi-me clara no primeiro instante, pois fala sobre algo que eu sempre acreditei.

Oscar Wilde
Não há nada mais verdadeiro e natural no mundo em que vivemos do que o paradoxo. Na vida nos deparamos sempre com duas realidades que estão sempre se opondo, mas que precisam coexistirem para que tudo exista. Tomemos como exemplo algumas coisas banais do nosso cotidiano: macho e fêmea, dia e noite, negativo e positivo, matéria e espírito, bem e mal – todas essas coisas, que se colocadas frente a frente parecem tão antagônicas, são na prática, elementos que complementam-se. Visto que tudo no mundo é dual, desde os átomos, que forma tudo o que existe, só existe porque há a polaridade negativa e positiva, que forma-os e une-os, como podemos buscar a Verdade por um caminho sem paradoxos? A própria ciência só nasce depois do paradoxo, pois é a incoerência que nos leva a buscar respostas.

Só a unção das idéias dos contraditórios e a alquimia entre as polaridades podem produzir o que chamamos de Verdade. A própria Verdade sempre tem dois lados, duas maneiras diferentes de se ver. Não nos enganemos buscando certezas absolutas, pois não há uma que seja universal. A contestação é o arauto da sabedoria!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Saudade


Ah, este amor triste
e esquecido.
Ah, este amor desesperado
e escondido.
Desde quando te amo?
Desde ontem?
Desde sempre?
Desde quando?

Ah. este amor atrasado
e perdido.
Ah, este amor solitário
e não correspondido.

Desde quando dói?
Desde quando esta saudade?
Desde hoje?
Desde sempre?
Desde quando?

Ah, este amor tão bonito.
Ah, este amor tão amigo.

Desde quando este pranto?
Desde o último olhar?
Desde aquele sonho?
Desde quando?

Ah, este amor novo
e tão antigo.
Ah, este amor só agora
percebido.
Desde quando?















Cris Vaz





quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Segredos...

"Eis que em breve nos separaríamos. e a verdade espantada é que sempre estive só de ti, e não sabia. E agora sei, eu sou só. Eu e minha liberdade que eu não sei usar.
Mas eu assumo a minha solidão. Sou só. Tenho que viver uma certa glória íntima e silenciosa.
Eu guardo o seu nome em segredo.
Eu preciso de segredos para viver."

                                                     Clarice Lispector